"-Ó filha, o que dirá o nosso hóspede da maneira como tu |repartistes| a carne? Eu fui o que ficou melhor, com mais carne.
-Ó meu pai, eu |nã| fiz nada de mal. |Atão| no prato da mãe pus a cabeça, porque ela é a cabeça da casa; no prato do nosso hóspede pus as asas, porque ele não é de cá e é p'ra se pôr a |àvoar|; no meu prato pus as pernas, porque sou eu as pernas desta casa, dum lado p'ró outro, |nã| é verdade? Ao meu pai pus o corpo da galinha, porque o pai, a trabalhar,é o corpo da casa..."
Afigura-se-nos pela concepção do transcrito,uma analogia aplicável ao viver de muitas pessoas/famílias. O contrário verifica-se em casas onde entram boas remunerações. Só que o país caracteriza-se, como todos sabemos, por um apertar de cintos cada vez maior face à carestia, evolutiva e constante, de vida.
A motivação que conduza à (sobre)vivência de cada indíviduo/família, para funcionar com competência em sociedade, longe de estar perto da igualdade de direitos e deveres, tem sido um dos alicerces que maior fraqueza estrutural tem revelado. A diversidade de condições sócio-económicas da região alentejana não surge,- apesar de todos os esforços e passos dados que na sua maioria são de palavras que o vento leva ou a seca come-, com resposta-solução urgente e/ou eficaz. Face a esta escalada de dificuldades, quem consegue configurar a sociedade num único tecido sócio-cultural e sócio-comnicativo, quando já se não consegue olhar o quadro português no global e ponderar sobre os parâmetros dos subsistemas político, económico, educativo e social?
O Alentejo, em especial, não é constituído apenas por uma massa popular, mas sim, por grânulos e grãos da mesma, que são cada um de nós, seus filhos.
A nossa região, a região dos esquecidos, a região dos apoiantes sem apoio adequado por parte dos organismos governamentais do País, não abrange só a problemática do Alqueva, o novo "Aeroporto" e outros projectos que permitem olhar as planícies como alternativas ao turismo e lucros das empresas de referência. Ou estaremos a pedir uma esmolinha quando temos o direito de pedir condições, oportunidades e meios para o desenvolvimento individual dos filhos locais? É a fraqueza dos alicerces de um arranha-céus que origina as catástrofes e o fazem ruir.
É necessária mais e maior informação nos "por quês", "comos" e "para quês" dirigida à massa alentejana, de modo que seja embebida por cada elemento que a constituí. É precisa aquisição correcta e ordeira de competências que levem cada sujeito à capacidade de formalizar competências na comunidade em que está inserido. São urgentes atitudes e posturas criativas e criadoras, relativamente aos saberes e gestão das estratégias dos poderes ao seu alcance, para um alargamento e aprofundamento eficazes nos consensos em prol da colectividade, nas vertentes que caracterizam o contexto alentejano político-económico-social.
A alma alentejana pulsa de ansiedade, medo e incertezas e, longe de querer que o "hóspede se ponha a |àvoar|", quer mais alternativas de emprego mesmo para os que já passaram dos 40's, 50's..., salários mais justos, educação estável e formação de esperanças e fé.
A alma alentejana parece manifestar esperanças mortas, mas estão apenas adormecidas, dormentes.
Lute-se "pelas pernas da casa" que andam "d'um lado p'ró outro" desertificando o Alentejo. As planícies merecem ser semeadas de flores brancas e verdes, para que o vermelho da sua alma não seja depreciado.
O Alentejo é lindo! Merece tudo!
terça-feira, maio 02, 2006
Desabafo plebeu
Postado por JuFlores às 8:45 da manhã
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