Escolas no Porto e em Ourém questionadas pela PSP sobre participação no protesto de sábadoUm agente da PSP do Porto deslocou-se anteontem, ao final da tarde, à Escola Clara de Resende, onde questionou uma funcionária sobre a adesão dos professores do estabelecimento de ensino à manifestação que se realiza no sábado. A situação repetiu-se ontem, em Ourém, quando dois agentes da polícia se dirigiram a duas escolas do concelho para apurar quantos docentes pretendem participar no protesto.Quando, posteriormente, os responsáveis da escola questionaram a PSP sobre o motivo da deslocação, foi-lhes dito que o objectivo era perceber quantas pessoas poderão estar amanhã em Lisboa para poder organizar as medidas de segurança. “Achei estranhíssimo e sem sentido nenhum”, comentou uma docente. O PÚBLICO não conseguiu apurar se a deslocação da PSP se repetiu noutras escolas do concelho. O oficial de dia do comando metropolitano do Porto da PSP recusou adiantar pormenores sobre o assunto.Também na tarde de ontem, dois agentes da PSP da esquadra de Ourém deslocaram-se a duas escolas da cidade para saber quantos professores iam participar na manifestação de sábado, em Lisboa. O Comando Distrital da PSP de Santarém assegura desconhecer a situação.O adjunto do comandante da esquadra de Ourém, Basílio Duarte, pediu para transmitir ao PÚBLICO que os agentes se limitaram a “cumprir uma solicitação do Comando de Santarém”, a que a esquadra pertence. Contudo, o oficial de Relações Públicas do Comando Distrital da PSP de Santarém, Jorge Soares, desmente ter sido dada qualquer ordem nesse sentido. “Até parece que estou no 23 de Abril de 1974. Não passaria pela cabeça de ninguém com bom senso dar esse tipo de orientação ou diligência. Acho muito estranho que isso tenha acontecido. Este tipo de atitude não é admissível num estado de direito”, afirma Jorge Soares.Face à gravidade da situação, o oficial de Relações Públicas acredita que será instaurado um processo de averiguações para apurar o que se passou, por forma a evitar que estas situações se voltem a repetir. “O comando não se identifica com este tipo de comportamentos vergonhosos e que só revelam falta de profissionalismo.”Confrontado com a possibilidade de a instrução ter sido dada sem o conhecimento do comando distrital, Jorge Soares diz que mesmo que isso sucedesse os polícias têm que saber as medidas legais que devem tomar. “Não vejo que isso se enquadre na missão da PSP.”Tanto na Escola Secundária de Ourém como na Escola Básica do 2º e 3º Ciclos D. Afonso IV Conde de Ourém, o sentimento reinante entre os professores era de indignação. “Queriam saber quantas camionetas é que iam a Lisboa. Deram a desculpa que era para orientar o trânsito. É evidente que era para nos intimidar. Há muitas formas de matar coelhos”, comenta um dos professores.“Isto só me dá mais vontade de ir. Vejo nisto uma manobra de intimidação e pressão sobre a classe docente e um total desrespeito pela liberdade de expressão, que ainda é uma conquista do 25 de Abril”, lamenta outra docente, que confessa que já votou muitas vezes no PS, mas não se revê no PS de José Sócrates.Opinião diferente tem a presidente do Conselho Executivo da Escola Básica do 2º e 3º Ciclos D. Afonso IV Conde de Ourém. Maria de São José Ferreira acredita que os dois agentes pretendiam mesmo apurar quantos autocarros irão sair da escola no sábado para organizar o trânsito e o estacionamento. Afasta, por isso, a ideia de que a intenção fosse intimidar os docentes, mas apenas zelar pela segurança.Maria de São José Ferreira não esconde, contudo, que tem uma posição diferente em relação à generalidade dos professores, já que entende que os problemas não se resolvem com manifestações e até concorda com algumas políticas educativas do governo. Pelo que o PÚBLICO apurou, a posição da presidente do Conselho Executivo não espelha, no entanto, a posição dos professores. “A visita da política não teve nada a ver com o trânsito. Teve um carácter intimidatório. Os colegas que estão retinentes possivelmente decidem não ir à manifestação. Mas outros ainda terão mais força. A atitude generalizada é de indignação”, sustenta outro professor.Os agentes em causa não estavam fardados e mostravam estar pouco à vontade. Aliás, um deles terá mesmo desabafado que nem gostava muito de fazer estas coisas, mas tinham recebido indicações a nível nacional nesse sentido.(*com Natália Faria)
Ao que nós estamos chegando!!!!!
Se os comandos da PSP ignoram e/ou não têm ordens para fazer tal investigação, por que motivo estarão pessoas a fazer semelante coisa? Por gosto? Não creio. Mandados? Só pode ser.
Voltamos a ver em formação (ou já formada, quem sabe?!) uma nova polícia de intervenção do estado? A chamada P.I.D.E. que torturavam velhos e jovens; homens e mulheres (grávidas, doentes, etc e tal); partidários e apartidários, tinha ao serviço informadores (muitos de reputação duvidosa, que incluíam farsantes, corruptos, ladrões até ao ingénuo pobre que o fazia para sobrevivência familiar, isto é, via da chantagem) em todos os meios e quadrantes constituintes da sociedade portuguesa antes da revolução de 25 de Abril.
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Cravos???? Não. O povo está mais do que acordado.
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