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Sou o que sou e como sou...Os que me conhecem, sabem como me abordar e, também, como os abordo.

segunda-feira, outubro 29, 2007

Cântico Negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com olhos doces,Estendendo-me os braços, e segurosDe que seria bom se eu os ouvisseQuando me dizem: "vem por aqui"!Eu olho-os com olhos lassos,(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)E cruzo os braços,E nunca vou por ali...A minha glória é esta:Criar desumanidade!Não acompanhar ninguém.- Que eu vivo com o mesmo sem-vontadeCom que rasguei o ventre a minha mãe.Não, não vou por aí! Só vou por ondeMe levam meus próprios passos...Se ao que busco saber nenhum de vós responde,Por que me repetis: "vem por aqui"?Prefiro escorregar nos becos lamacentos,Redemoinhar aos ventos,Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,A ir por aí...Se vim ao mundo, foiSó para desflorar florestas virgens,E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!O mais que faço não vale nada.Como, pois, sereis vósQue me dareis machados, ferramentas, e coragemPara eu derrubar os meus obstáculos?...Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,E vós amais o que é fácil!Eu amo o Longe e a Miragem,Amo os abismos, as torrentes, os desertos...Ide! tendes estradas,Tendes jardins, tendes canteiros,Tendes pátrias, tendes tectos,E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.Eu tenho a minha Loucura!Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;Mas eu, que nunca principio nem acabo,Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!Ninguém me peça definições!Ninguém me diga: "vem por aqui"!A minha vida é um vendaval que se soltou.É uma onda que se alevantou.É um átomo a mais que se animou...Não sei por onde vou,Não sei para onde vou,- Sei que não vou por aí.José Régio, Poemas de Deus e do Diabo

quarta-feira, outubro 17, 2007

Esclarecedor mesmo.

Postado em www.profslusos.blogspot.com


O Ministério da Educação é a instituição pública em Portugal que não cumpre as leis que cria.
Por norma coloco a minha opinião no final das notícias ou artigos que coloco no blog, no entanto, não posso deixar de chamar a atenção para a relevância deste artigo de opinião. De uma frontalidade "brutal", coloca o dedo nas feridas abertas por este governo com uma eficácia na escrita que considero simplesmente fenomenal (para mim que sou um leigo nestes assuntos). Há muito tempo que não lia um artigo tão esclarecedor do ambiente criado pelo Ministério da Educação (e acreditem que já li muitos!). DE LEITURA TOTALMENTE ACONSELHADA...


No "O Primeiro de Janeiro" (artigo de opinião) de 13/10/2007: "A realidade e a verdade no caso do relacionamento intempestivo do Governo com os professores remete única e exclusivamente para a obsessão da redução do défice à custa da classe mais numerosa da função pública (à volta de 150 mil). O que se tem passado com prepotência , intimidação , procurando amedrontar e inspirar receio é algo que ninguém esperaria passados 32 anos do 25 de Abril.Os seus argumentos de autoridade, recorrendo a alguém ( Finlândia ou Irlanda ) para provar a verdade de uma asserção . Tem-se verificado quando o Governo pretende que uma medida que entende que é boa porque num outro país , considerado evoluído , essa mesma medida já foi adoptada.O argumento ad populum, isto é, usar o critério da maioria como critério da verdade.(...)O argumento ad terrorem, levando a admitir uma opinião fazendo notar as consequências funestas que resultariam da sua não admissão. Veja-se o controle paranóico do défice à custa das pessoas , não olhando a meios para atingir-se esse fim. Evocando um cenário desastroso para o país , caso este não seja adoptado .O argumento ad baculum , este execrável , baseando-se na ameaça explicita ou implícita ao bem-estar físico ou psicológico dos interculotores , existindo pressão psicológica.O último para mim o que tem sido habitual contra os professores é o argumento ad hominem que consiste em desvalorizar o argumento do adversário atacando não o argumento mas a pessoa ou pessoas que o sustentam. Dando a entender que os professores são uns malandros , faltam muito , têm muitas férias e são uns privilegiados.(...)
Sócrates não está habituado a ter opositores à altura . Mário Nogueira antigo secretário-geral do SPRC ( sindicato de professores da Região Centro ), agora secretário-geral da FENPROF é de «gancho », tem-lhe dado «água pela barba» .(...)Os professores cada vez mais se assemelham aos Lusitanos comandados por Viriato, na resistência aos Romanos que aproveitavam as montanhas , desfiladeiros e outros acidentes naturais para montar armadilhas e emboscadas . A táctica é com astúcia , coragem e inteligência não se calaram e chamarem sempre à atenção do que se passa.A vitória resulta do que defendemos que está certo. Essa é a vitória. Já aconteceu com as juntas médicas caso Charrua da DREN, etc.Não me venham com o anátema do cumprimento da lei, o Ministério da Educação é a instituição pública em Portugal que não cumpre as leis que cria ( exames , concurso de professores, etc. ) , sendo condenado continuamente nos tribunais e nada acontece numa impunidade arrepiante . Esta é que é a Verdade!Ver Artigo Completo (O Primeiro de Janeiro)
Colocado por ProfContratado às 00:20 (17-10-07)

sexta-feira, outubro 12, 2007

PGR: Pensar Insano

Eu quis partir e chorei.
Não quis amar-te e te amei,
E desejei por sepulcro branco
Uma lousa pejada de esquecimento,
Para apagar esse sentimento
Que me ofereceu o desengano.

O tempo passa. Afloram anseios
Frutos de antigos devaneios
Frutos de ilusões criadas.
Culpas?? De quem?
Foi minha. (e tua também).
Carências nunca amenizadas.

Ilusões minhas. Fado meu.
Que tu ofereceste e a sina me deu.
E erro de engano em engano.
Vejo-me nas tuas obras escritas:
Sou coragem ou alma em desditas...
Sou tu quando te leio e...-ó pensar insano!-
Sou tu ...mas tu não és eu.